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  • Foto do escritorAna Brisio

I Ching ( YiJing ) - A sabedoria que dá sabedoria

Atualizado: 25 de jul. de 2021



O I Ching, conhecido no ocidente como “ Livro das Mutações” é considerado uma das mais antigas e importantes obras editadas pela humanidade. A sua origem remonta há cerca de 5000 anos.


Quem o utiliza reconhece-lhe valor e durante séculos tem sido consultado por filósofos, políticos, psicólogos e eruditos das mais diversas áreas que a ele recorreram e encontraram sabedoria e orientação.





I Ching - O livro da mudança


O primeiro ideograma que compõe o seu nome, YI, é composto pelos símbolos do sol e da chuva lembrando-nos da batida rítmica de alternância constante e natural que existe em tudo na natureza e em todos. Assim é a nossa respiração e as batidas do coração.


Nesta obra, a mudança é ilustrada por 64 imagens dinâmicas que se vão transformando e desenham toda uma teia de possibilidades e realidades possíveis, demonstrando que “A mudança é a única lei imutável em todo o Universo” e que não é aleatória.


Yi tem também a leitura de “fácil, simples, natural”. Estes são os atributos que a mudança tem quando o homem está em fluxo com as forças universais e respeita o tempo que o tempo tem.


O segundo ideograma, Ching ou JING, é o nome geral que se dá a todos os grandes livros ou livros-mestres e literalmente, significa “a grande obra”.



Os JINGs


A humanidade conta com diversas obras que são grandes legados de inspiração e referência, tem vários JINGs e sem dúvida o I Ching encontra neste espaço o seu lugar.


O I Ching pode ser consultado como um texto filosófico, repositório da sabedoria de grandes sábios que deixaram ao mundo o seu saber, e como ser usado como oráculo.


Assim, esta obra, pode ser entendida como um grande manual de estratégia! Pensa-se que as obras “ Arte da Guerra” e o “Tao Te Ching” tenham sido inspirados nos seus ensinamentos. Taoismo e Confucionismo também beberam desta fonte.



As 64 imagens que falam de tudo quanto existe


Os 64 hexagramas que compõem o corpo deste livro representam todos os momentos possíveis da vida colectiva e individual do homem.


Ao colocarmos uma questão ao I Ching, acedemos à fonte de sabedoria infinita que reside no nosso inconsciente e ao inconsciente colectivo como definido por Jung e cuja informação ou resposta aos nossos anseios nos chega representada por um conjunto de 6 linhas a que se dá o nome de hexagrama.


Umas inteiras e outras “partidas” ou descontínuas, estas linhas representam duas forças opostas, complementares e interdependentes uma da outra. São as duas polaridades que fundamentam todo o universo – Yin e Yang – e que, dependendo da sua organização, dão origem a um determinada imagem com vibração e informação própria passível de ser lida e interpretada.


O I Ching manifesta-se assim, como um poderoso meio de revelação dos nossos processos inconscientes trazendo-os à luz do nosso consciente. A verdade que necessita ser reconhecida, para que, em consciência, possamos decidir e agir de forma correcta e construtiva, é-nos mostrada.


O oráculo do presente


Note-se que I Ching ocupa-se do presente, pois apenas no presente o Homem pode agir. Não é uma ferramenta de adivinhação, mas sim de diagnóstico que nos incita à acção.



A adivinhação é essencialmente contrária aos princípios do I Ching já que esta retira ao ser humano todo e qualquer poder sobre o desenvolvimento dos acontecimentos.



Não nos impõe nenhum futuro. Apresenta-nos as diferentes facetas da situação, algumas já conscientes, outras não. Revela-nos a tendência de evolução da situação, as possibilidades de mudança que ela contém bem como o resultado previsível, permitindo-nos uma adaptação adequada face à situação.



A materialização desse futuro, que germina na situação presente, depende por inteiro do livre arbítrio da pessoa em seguir ou não os conselhos que o oráculo lhe propõe.



A decisão de manter a rota prevista ou de mudar o rumo é colocada nas nossas mãos.





O Ritual



Um ritual é um conjunto de gestos, palavras e formalidades, geralmente imbuídos de um valor simbólico, efectuados com um propósito.


As repetições geram no nosso cérebro sinapses que, ao executarmos um determinado gesto repetido, é imediatamente feita pelo cérebro uma associação e são desencadeadas toda uma série de procedimentos, acções e sentimentos. Esta é a razão pela qual se recomenda, a quem pratica meditação, que o faça, preferencialmente, à mesma hora e no mesmo local.


O ritual proposto para nos dirigirmos ao I Ching é tão simples quanto nós o permitirmos. O importante é que, através do mesmo, consigamos ficar num estado de presença, calmos e com a mente liberta o mais possível. Há quem o consiga com a dança, há quem construa ou active um altar, quem medite, etc.


O meio não é relevante, o fim sim.


Recorrer ao oráculo deve ser encarado como um acto sagrado que é, quer por respeito às energias envolvidas como por respeito a nós próprios.


A consulta deve ser realizada num espaço cuidado, limpo e arejado de acordo com os princípios do Feng Shui e deve ser reservado tempo para que a tranquilidade reine, e estarem reunidas as condições de não sermos incomodados.



A decisão e a clareza



O oráculo não falha, diz quem o conhece.

Se as suas respostas são confusas, é porque a pessoa não tem bem claro o que deseja saber. Havendo confusão, o I Ching irá falar dela.


“Alice - Poderia me dizer, por favor, que caminho devo seguir para sair daqui?

Gato - Isso depende, para aonde queres ir?

Alice - Isso não é muito importante…

Gato - Então qualquer caminho serve”


trecho de “Alice no País das Maravilhas”, de Lewis Carroll


Da clareza da pergunta depende a clareza da resposta, pois só quem sabe o que procura, pode encontrar as respostas.


Fazer uma pergunta ao I Ching equivale a traduzir por palavras uma escolha que ainda não conseguimos fazer, ou então que já fizemos, quer dela tenhamos consciência ou não, mas para a qual necessitamos de esclarecimento.



Dois momentos de construção


Quando fazemos uma pergunta ao I Ching, a mesma deve ser colocada por escrito, obrigando-nos a pensar bem quer na sua estrutura, como no que realmente nos move ou inquieta.


Este suporte será útil na altura de se interpretar a resposta obtida, funcionando como um memorando do que realmente foi questionado, já que a nossa mente tem tendência a vaguear.


A pergunta deve ser bem específica e ser : composta por um verbo de acção; pelo sujeito da mesma; ter uma referência temporal e espacial ; ser o mais curta possível.

Há quem defenda que devemos reduzir a nossa questão a uma a pergunta de 9 palavras. Este processo é bem interessante. Obriga-nos a pensar bem no problema e a ir ao ponto que realmente nos interessa. O que é irrelevante é descartado da questão e o que é vago torna-se claro.


Uma pergunta curta e objectiva é importante já que durante o processo de construção do hexagrama de resposta, a questão deve estar bem presente na nossa mente e, como já referi, uma pergunta clara e objectiva recebe uma resposta clara e objectiva.



Um amigo conselheiro


Com o I Ching não obtemos respostas de sim ou não.


De nada nos serve fazer perguntas do género “eu este verão vou à praia de Melides?”. Com esta pergunta estaríamos à espera de um prognóstico, de uma resposta fechada e redutora ignorando todas as variáveis inerentes à situação.


Quando comunicamos com o I Ching, ele não perde a oportunidade de nos falar sobre o que importa sabermos e na expectativa de um sim ou não, torna-se pouco fácil assimilar e compreender o que vai para além disso.


Cabe-nos a nós decidir se queremos ir à praia ou não, e se sim, a questão a colocar seria, por exemplo: “o que devo fazer para ir à praia de Melides este verão?” ou “ como vai ser a minha ida à praia de Melides este ano?” e “ como vai ser se eu não for à praia de Melides este ano?”.


Por vezes, poderá ser útil fazer a pergunta sob ângulos diferentes, ou seja: e se eu fizer isto? e se eu não fizer isto?




Não fazer perguntas cuja resposta não queremos ouvir


Atenção, não estou a sugerir a fuga à verdade, antes pelo contrário. A alienação em nada é construtiva e positiva. Não existem perguntas sem resposta e o que perguntar será respondido.


Humildade, passividade e receptividade são os atributos que necessitamos ter presentes para que a mensagem chegue até nós.

Abrir o I Ching é abrir-se à mudança, e sabemos que a mudança começa pela consciência humana pois é ela que modifica o Universo que nos rodeia.


Desejo-lhe um caminho YI.


Ana Brísio

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